D'propósito

9 de fevereiro de 2012

Game over

A clássica frase de fim de jogo: game over. Com trilha de recomeço e hora de deixar o controle de lado, porque jogar cansa e perder também. Foi assim na infância, joguei muito videogame com meu irmão. Peguei o final do sucesso do Atari e o auge do Sonic, Mario Brós e Nintendo 64, a incrível década de 90. Mas nunca tive muito talento para os jogos, conseguia até a segunda ou terceira fase, me faltava paciência e dedicação para atravessar as fases, sempre precisei da ajuda do irmão mais velho que apesar da dificuldade, não hesitava na dedicação de horas e nas diversas tentativas que o fez concluir e ganhar parte dos jogos que tínhamos.

O mais difícil foi Sonic, ainda lembro, e também o mais emocionante. Foi uma tarde inteira e começo de noite tentando vencer o Dr. Robotnik, que tentava conquistar o mundo transformando os animais em robôs. Enquanto meu irmão passava bravamente cada fase, eu e meus primos ficávamos ao lado torcendo, vivendo aquele jogo e esperando a vitória. Quando se perdia uma das vidas do personagem do jogo ficávamos tensos, com medo que a vida do Sonic acabasse e o jogo também, claro. Era o medo de perder toda a tarde por um erro ou uma falha qualquer.

Hoje, longe dos vídeo games e bem mais perto da vida real, notei que a vida é um jogo de videogame. Temos níveis e fases a avançar. É preciso muita persistência para passar cada fase, e enquanto não estamos preparados de fato para vencer o obstáculo, voltamos, recomeçamos, iniciamos, tudo de novo, como um ciclo, um ano letivo ou o vira-lata que corre atrás do rabo pra matar a pulga.

Até que sejamos auspiciosos suficientes para notar a falha e superá-la, erramos, e eu fujo do ditado e regra de que persistir no erro seja burrice, tampouco perda de tempo. O erro, ainda que repetido, nunca será como o primeiro, as lições e as esquivas futuras serão diferentes. Nem todo mundo aprende de primeira, e nem todo erro ensina por definitivo. Cada erro tem seu tempo de aprendizado e sua consequência, claro. Superar uma falha tem mais a ver com persistência do que com tempo. Recomeçar um jogo é ter vontade de vencer, persistir na vida, também.

A cada game over que a vida oferece é uma oportunidade de se tornar melhor, como meu irmão, que depois de ver muito game over na tela, venceu! Aliás, vencemos. Meus primos e eu comemoramos com uma alegria de gritar e vibrar como quando o time vence o campeonato. E até para se vencer um jogo de videogame é preciso torcida e apoio.

Game over é o nosso teste de paciência e persistência.