D'propósito

19 de abril de 2010

Acampamento

foto: Carolina Helena*



Acampar a vida sobre sonhos
é ter mobilidade todos os dias
de uma nova visão
É ter o mundo a sua porta
E o sol na sua janela


*Carolina Helena: minha Cecília, da peça Impasses da

Consciência que estará em cartaz

no Teatro Brigadeiro, dia 18/05.

14 de abril de 2010

Insista, de novo.


Um corpo é movido muito melhor a paixão. Fato. Meus estudos de vivência própria provam isso. (Não que isso valha muita coisa, MAS) E para quem tem medo de iniciar uma nova aventura ou se entregar ao risco, nem saia de casa. Medo de se machucar são para fracos, senão, amadores. A paixão serve pra isso mesmo: iludir, deixar a pele mais bonita, você mais animado e depois sofrer por mais um que não será o último, provavelmente, se você tiver sorte. Mas eu ando um pouco enjoada com essa história de paixão, porque o momento é outro, em que meu pensamento está só para o trabalho, dinheiro, teatro e letras. Mas apesar de não estar com o gostinho de paixão na boca, nunca custa nada ajudar a amiga insegura que está com medo de arriscar.

A minha quase bíblia é o livro Canalha, do Fabrício Carpinejar, que já citei aqui várias vezes e vai mais uma que, aliás, também já esteve neste post.

Se joga, povo.

"Declare-se apaixonado antecipadamente. Depois encontre um jeito de pagar. Ame por emprétimo. Ame devendo. Ame falindo. Mas não crie arrependimentos por aquilo que não foi feito. Sejamos mais reais em nossas dores. Tudo o que não aconteceu é perfeito. Dê chance para a imperfeição. Insista
"

8 de abril de 2010

Um acaso no café da manhã

Acredito no destino, mas gosto mais quando parece acaso, acho que a situação em si tem mais potencial. Parece contraditório, eu sei. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, e eu posso acreditar nas duas.
Não por menos que tatuei acaso no corpo. Acredito na força do acaso tanto quanto ter um homem/marido mais-ou-menos-bonito, músico, escritor e jornalista. (Se a coisa do universo de conspirar faz sentido, basta eu acreditar e procurar bem). E aí uma hora as coisas acontecem ou se reencontram, no meu caso, o reencontro é na padaria que eu não frequento, mas estava lá por acaso, juro.



- Por favor, um suco de laranja e um pão na chapa.

O clássico e o de sempre. Em qualquer padoca e de manhã é o que peço, mas não notei que no mesmo balcão e algumas pessoas depois de mim, estava ele: o meu homem mais-ou-menos-bonito, músico, escritor e jornalista.



- Você não muda seu pedido nunca, Dayan ?

Depois da fala, ele deu um breve sorriso e apesar de ser o meu homem quase ideal ele é um #filhodaputa. E só pra esclarecer: não o via a meses, terminamos com briga declarada e achava que ele tinha raiva de mim. Bem, e quanto a mim, sou uma mulherzinha que está deixando de ser boba.


- Já ouviu falar que não se mexe em time que está ganhando ?!

- E o que tem a ver o pão e suco com isso ?

Ele gargalhou, eu queria rir também, não pela tirada da conversa, mas só pra rir com ele. Dizem que no café da manhã isso é bom. E pra não minhocar na resposta mudei de assunto.


- Emagreceu...?

- Uma pergunta ou um elogio ?

- Uma pergunta e um elogio.

- E ?

Senti que ele já estava puto aí, mas continuei com a petulância.


- Se você emagreceu é um elogio, senão, fica com o elogio também, essa blusa preta tá te deixando mais magro.

Alfinetar um gordinho complexado é mancada, eu sei. Mas eu arranquei o riso dos estranhos ao nosso lado.


- Eu emagreci.

- Foi o que imaginei.

- Você repara, né ?

- E você não ?

- Acho que menos que você.

- O problema não é quem repara mais ou menos, é reparar. Se é que você me entende.
Moço, por favor, você pode colocar o pão e o suco pra viagem, obrigada.


- Bom dia e bom café da manhã pra você.

- Obrigado, Dayan



Se foi destino, por enquanto, eu prefiro pensar que é acaso. Já que nada foi reparado.


7 de abril de 2010

Causos do tempo

Estela apreciava o gosto que tinha o passado. Contar o que não fazia mais parte de seu tempo era hobby da menina que andava com os pensamentos para trás. Guardava todas as datas, as cartas e as falas que não eram suas. O passado sempre lhe pareceu mais genuíno do que qualquer presente que chegasse como futuro. Mas Estela não percebia isso, não notava a distância no tempo.

E com tanto passado, chamavam-na de saudosista quando não de medrosa, por não encarar o que lhe vinha à frente. Saudosista ou medrosa, Estela era mesmo ansiosa e impaciente para esperar o tempo.


- O futuro é pra quem o projeta.


Foi o que lhe disse um velho violeiro contador de causos, falador como ela. Aí então Estela compreendeu o tempo que vivera, que contava e que fazia. Quando percebeu que estava, de fato, apegada com o passado parou de datar o tempo, porque o velho lhe disse.


- Não importa que tempo foi, mas se foi.