D'propósito

28 de março de 2009

Horário nobre

Um dia todo amor que foi escrito virou novela. E Celeste, a coadjuvante, vestida de empregada, tirou a roupa. Virou protagonista.

24 de março de 2009

Um minuto e nada mais.

Preciso dizer, sem falsa modéstia, que se tenho uma qualidade, é a educação. A maior delas, desde dar lugar aos mais velhos, grávidas e deficientes sem me preocupar com a cor do banco, até e principalmente, não ser grosseira com ninguém (exceto meu irmão que é uma classe a parte). Mas de vez em quando eu preciso usar da falsa-educação: a ironia. E delicadamente mandar as pessoas para aquele lugar por onde passam seus bolos fecais. Ignorantes como são, mal percebem que os mandei tomarnocú. Assim é o grupo tapado que faço alguns trabalhos da faculdade. Por exemplo, disse polvorosa que pela incompetência e falta de talento deles para qualquer atividade relacionada à comunicação defenestraria todos, numa sacada só.

Eles ficam putos, mas não entendem. São como os cães, não precisam saber o significado de tudo o que diz, percebem pelo tom da voz quando o que vem é carinho ou é bronca.


Eu aprendi a defenestrar com Veríssimo – o filho. Defenestrar não é nada mais senão arremessar pela janela. Assim como o Alexandre Nardoni fez com a filha. Faria o mesmo com quem usa da grosseria como arma para sua ignorância e incompetência pra a atividade escolhida. Se um dia essas pessoas forem jornalistas de verdade, eu me demito da profissão.


Mas quem não merece ser defenestrado, nada tem a ver com isso, então... um pouco de swing com Aretha Fanklin e Sammy Davis Jr pra animar a semana.




20 de março de 2009

Rabisco

Mais que os traços das minhas mãos desvendadas por qualquer cartomante ou vidente, na sua leitura Braille sobre o meu futuro, descubro que escrevo através das minhas mãos a minha vida e a dos outros. São meus dedos apontando os caminhos, inevitáveis, a serem traçados.



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Bom dia, acordei com dor de barriga e meu caminho, agora, é o banheiro. Depois continuo no caminho do meu cotidiano no primeiro dia de outono do ano.

16 de março de 2009

Virou Novela

Durante toda a infância a garota assistiu novelas, ouviu os comentários das tias e da mãe sobre o universo televiso e masculino e, depois disso, tornou-se partidária do feminismo. Não se sabe ao certo qual tia lhe formou feminista ou lhe traumatizou no mundo do banheiro e das novelas. Mas do que não restava dúvidas na cabeça da garota, ainda em sua infância quase partindo para puberdade era: será que gosto de homens peludos ou sem pêlos? Aos ouvidos isso soa quase ridículo, mas essa pauta sempre foi primordial nas reuniões das mulheres da família Silva e não poderia ecoar indiferença à garota.

Pêlos sempre foram um problema, a virilha que o diga. É sempre a que mais sofre, a que mais sente dor e sem dó nem piedade a cera arranca o pêlo, tortura o couro, limpa o corpo e satisfaz o homem. Ao menos é assim que as tias definiram a extração da penugem. Mas o fato não é depilar-se, esse é o mal de todo o sempre para a mulher e, não há remédio, mas há as que acham a cura.

São elas, as tias, que curam-se e são sempre impressionantes e influenciáveis. Um exemplo é a tia Cristina, a mais liberal e adepta aos pêlos masculinos; afirmava que pêlos dão o Q da virilidade. Mas tinha a tia Regininha, que era contrária e opositora as idéias da tia Cris e achava que os homens deviam ser pelados, nada que roçasse e irritasse sua pele sensível devia estar na superfície do seu corpo. E nesse caso nem os depilados serviam, tinha que ser de natureza. No entanto, tia Cássia era o café com leite, preferia o meio termo, nem muito peludo, nem pelado demais, praticamente se adequava à situação, sem exigências.

Já a mãe, nunca fez comentários reveladores sobre sua preferência no sexo oposto, talvez pela presença da filha e o compromisso carregado no dedo esquerdo. Mas a garota nem sentia curiosidade, até porque, era só olhar para o seu pai e pronto. Estava lá, o padrão de preferência da mãe.

E assim a garota cresceu, em uma variedade de opiniões e diversas vezes com dúvidas, mas a do pêlo conseguiu esclarecer. Após um capítulo de uma novela de nome já esquecido, com o ator Humberto Martins, teve a certeza de que não gostaria de pêlos. Era uma cena de sexo e a atriz deitava, rolava e lambia os pêlos e a partir daí, aderiu o pensamento da tia Regininha, a de homens pelados.

A vida como sempre não é só feita de escolhas e por ironia ou não do destino, a garota que depois se tornou mulher acabou escolhida e envolveu-se com o homem que praticamente parecia um urso polar. Até tentou evitar no começo, mas depois acabou como a tia Cristina, adoradora de pêlos. E no final como tia Cássia, sem exigências, adequa a situação. Só não acabou como sua mãe, casada, porque largou a bola de pêlos, enrolou-se com o pelado, deito-se com o de pouca penugem e vive solteira, experimentando e escrevendo sua novela de imprevisíveis capítulos.

15 de março de 2009

Uma palavra sem imagem, nada

Aquele velho ditado que é difícil agradar a todos está passado, apesar de viver novo. Mas se é difícil agradar a todos, pense numa mãe exigente, que acha que tudo é razoável, bom. E para achar sensacional tem que estar acima da média do ótimo. Pois bem, minha mãe que atende por Rosa não é tão fácil de ser agradada quanto à flor. Minha Rosa exige mais que o básico de água e luz.

Nesse fim de semana comentávamos sobre meu trabalho, que ela perdida não sei com o quê nem porquê confundiu pela milésima vez e achou que estava no Jornal da Cultura. Não. Puta da vida em tanto explicar e falar, disse que não, que estava no programa Metrópolis e como uma réplica lancei de imediato.
- Você não assiste Metrópolis, não ?
- Não, você não aparece mesmo.
- Mas meu trabalho aparece e meu nome também, ok ?!


Certo, essa foi a primeira do dia. Quando mais tarde soube que o D’propósito estava na revista Atrevida deste mês corri para comprar e ver. Naturalmente, mostrei para dona Rosa e finalmente ela disse:

- Que legal, filha ! Mas sua foto não aparece por quê ?


Levantei a sobrancelha, peguei a revista da mão dela e conclui que uma imagem vale mais que mil palavras. Sejam as palavras que completam seu nome nos créditos de um programa ou numa revista, uma imagem, ainda que sem importância nenhuma, parece que sempre vai valer mais que mil palavras compostas de conteúdo.

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Foi uma surpresa, a leitora Fernanda Ludy da Revista Atrevida e agora também do D’propósito que escreveu me falando sobre a aparição do blog na revista.
O D’propósito apareceu entre os 20 mais da Campus party.
A quem indicou o blog, obrigada. E a Bianca Iaconelli que publicou, também.

12 de março de 2009

Saudade

Ela não era criança, nem adulta. Os cravos e as espinhas da adolescência lhe davam o ar juvenil da insegurança e, também, de quem ri mesmo sem motivo. Aprendeu a ser assim com sua avó, que era uma criança nascida há 70 anos antes da garota, e ainda mantinha a alma juvenil, só que sem espinhas e com sabedoria.
Numa tarde de pôr-do-sol enquanto a avó segurava um livro que falava de amor, separação e destino, a menina tricotava histórias sem finais e rendava suspiros apaixonados do que ainda se tornava passado. Com sentimento indefinido e o olhar distante para o horizonte a garota perguntou a velhinha:



- Vó, eu penso todos os dias no dia em que conheci João. E queria que todos os dias fossem como aqueles.
- E por que não são?
- Porque não tenho mais João, Vó.
- Há mais do que João na sua vida.
- Eu sei, mas não sei por que me pego sempre pensando nos dias em que éramos felizes.
- Isso se chama saudade.
- Saudade ?
- É!

Silêncio...

- Mas Vó, aprendi que saudade só existe na língua portuguesa, sendo assim, o que é que as pessoas de outros paises sentem ?
- Silêncio.



A alma sábia da avó fez a menina entender que, quando se fala de sentimento, o sinônimo de silêncio é saudade. E, a garota ainda percebeu que, a saudade quando grita é o silêncio de fora ecoando dentro.

5 de março de 2009

Camila Dayan procura um marido

Há algum tempo acompanho no Twitter @julianacunha, que tem um blog muito bacana. Além de achar que Juliana escreve bem e de forma irreverente, acho-a muito criativa. A ponto de criar os tópicos abaixo - levemente modificados pelo Luna, que me mandou um e-mail justamente assim:


"Eu, Camila Dayan procuro um marido. Habilitações desejáveis:

- Saber mexer no Google;
- Nível avançado de paciência com mulheres atrasadas;
- Escrever melhor que eu;
- Senso de praticidade, pro atividade (Houaiss desconhece esse termo, é assim que escreve?);
- Percepção do ridículo (o que difere de medo do ridículo, afinal, não queremos um marido com medo da gente);
- Não gosto de homem bonito (não, não sei qual o meu problema, só não consigo me interessar por eles quando os vejo pessoalmente), mas, se a gente puder apresentar aos amigos sem precisar dar uma explicação antes e várias depois é legal. A não ser que a história envolva o subterrâneo da Ópera de Paris, é claro. Nesse caso, deformações são aceitas;
- Podemos dividir conta, posso até pagar tudo se for mais rica, mas continuo tendo prioridade em botes salva-vidas e, se a casa tem dois banheiros, é óbvio que o maior é meu e o outro é seu e das visitas;
- Não querer casar comigo (/grouxomarx);
- Não ser afeito a barracos e dramas no término porque, se um dia eu me casar e depois me divorciar, pretendo colocar em prática minha alucinação da Festa de Divórcio."



Pode parecer brincadeira, mas é verdade. Talvez eu não precise exatamente de um marido, não agora. Mas em breve vou precisar. Caso você tenha o perfil para a vaga entre em contato, ou indique um amigo.

Obrigada !

2 de março de 2009

No dia em que fui mais feliz

Hoje faz dois anos que eu te vi pela primeira vez e um ano que me fez mulher. Depois disso, seu olhar virou espelho e suas palavras destino.
Dois sempre foi o número que nos uniu, mas agora, dois é o que não cabe em nós.