D'propósito

25 de setembro de 2009

Ela, a inspiração


Eu tenho deixado a inspiração muito de lado, essa tem sido a sua reclamação. Mas eu faço minha parte, porque quando ela chega eu peço pra esperar, não circular muito pra não espairecer. Mas não, normalmente ela, a inspiração, apressada do jeito que só é, vem sem avisar e vai embora na mesma ansiedade. A danada não entende que não é sempre que posso pegar o papel e a caneta, muito menos bater os dedos no teclado. Aí pra não achar que faço pouco caso ou sou deselegante, já que não quer ficar, peço pra inspiração deixar recado, nem que for anotado em um post-it pra eu não esquecer. Mas pretensiosa do jeito dela diz:


- Ou se serve de mim agora ou vou flanar em outras ideias.

E ela não blefa, eu não dou ouvidos nem dedos para anotar, logo a inspiração não deixa post-it pra eu me inspirar ou lembrar. E ela vai vai embora mesmo.



A inspiração, como um sonho, acontece. Às vezes a gente lembra, às vezes, não. E Depois que ela veio, passou e não ficou, tenho a sensação de que a inspiração é reflexo de mais uma tentativa, em quase nada.

20 de setembro de 2009

A nossa infância e ao seu aniversário


Eu sempre ouvia dizer que o tempo passava rápido demais, até os meus 14 anos eu achava isso um mito. As tardes eram longas e os dias se arrastavam para que chegassem o meu próximo aniversário e com isso os desejados 18 anos. E hoje, com um pé e meio nos 21, eu tenho a certeza de que o tempo passou realmente rápido e a minha pressa em crescer, provavelmente, foi a maior burrice de todas que eu já cometi e as que eu ainda nem fiz.

Mas da minha vontade de crescer, fica a realização na minha boa memória e infância que tive, porque há exatos 16 anos eu me lembro de como tudo era lindo e fácil. Não que agora seja feio ou muito difícil, mas é que após 16 anos tudo fica mais delicado. E os problemas não são os números e sim o tempo. Não tenho nada contra esses algarismos que definem as datas, as horas e o passado; apesar de poucas vezes terem me ajudado em tempos de escola. O contrário, sempre me deixaram no sufoco, mas ainda assim gosto deles, principalmente dos números pares, porque há exatos 16 anos eu entrevistava pela primeira vez uma pessoa, sem saber exatamente que dali um pouco mais de uma década estaria eu, novamente, com o microfone em mãos ou um gravador.

A inesquecível, gravada e primeira entrevista não foi com nenhuma estrela ou celebridade, mas era com alguém que estreava todos os dias na minha divertida infância e acreditava em mim.
Com uma voz infantil, no entanto, rouca e até evoluída para pouca idade, eu já demonstrava aptidão pela comunicação, se me permitem a falta de modéstia. Começando por meu entrevistado acanhado, de poucas palavras que tive de conquistar durante a entrevista e acabei perdendo o carisma dele depois de alguns anos.

O cara era três anos mais velho do que eu, mas apesar da sua timidez mostrava talento pela narração de jogos de futebol. Ele até cogitou após uns 15 anos ir para jornalismo, mas o destino o levou para outro lado e o mesmo que o desviou do caminho deu-me de presente a comunicação, que era dele e acrescentou à minha.

Hoje eu faço jornalismo e mal podia imaginar que o meu irmão de anos atrás tivesse sido a influência de ser e estar onde estou. Ainda hoje ele continua sendo o meu irmão, ao menos é o sangue que nos une, no entanto, hoje ele não acredita tanto no meu talento ou no meu esforço. Ele é um burguês que me vê apenas como uma garota pequena-burguesa que não sabe ganhar dinheiro.

E ele tem toda razão, sou pequena-burguesa e não sei mesmo ganhar dinheiro. Faço jornalismo ! Ele conseguiu a tempo mudar sua aptidão de humanas para exatas e hoje fatura o que acha mais importante: o dinheiro.

E é faturando notas verdinhas que hoje ele também fatura mais um ano de vida, sem mudar muito sua personalidade de 15 ou 16 anos atrás, me olhando e me chamando todos os dias de baiana. E eu acho o maior elogio.

E ainda insatisfeito ele resmunga sobre meus gostos musicais, sobre minhas roupas e debate que eu não contribuo em nada para a economia do País e também não faço diferença na imprensa. Mas antes de ter o valor de uma massa maior, o que seria fundamentalmente importante é ter a estima que foi depositada há anos, e a gargalhada infindável da minha mãe ao ouvir a gravação, com minhas meias palavras de meus quatro anos de idade.

De fato, eu posso não ter colaborado em nada para a economia do País, nem para a imprensa, mas eu já acho satisfatório ele ter contribuído com a minha formação e escolha da profissão que paga mal, mas que eu adoro. Até porque, eu só sei fazer isso e fora isso só sobram os meus gostos adversos aos dele, e a entrevista que ta gravada na memória e foi gravado no meu primeiro Gradiente, em uma fita colorida, nos meus quatro anos de idade e no seu aniversário.

ps. é, sou eu mesma. Essa coisa gorda, estranha e cabeluda sou eu. Eu tenho/tinha cabelos cacheados. E se tivesse a cabeça de hoje e não de quando alisei minhas madeixas pela primeira vez - influênciada pela minha mãe - eu nunca teria feito, mas agora pra deixar o natural é preciso raspar a cabeça. Bem, mas isso é assunto pra outro post.

17 de setembro de 2009

Vazio Agudo

No momento cansei de escrever pro livro e vou me divertir um pouco navegando na internet.

Hoje, depois de dias e dias sem conversar com @thafelicio, minha amiga de longe e perto, ela me perguntou como eu estava. E todo mundo pergunta isso todos os dias e a gente sempre responde, “tudo bem!”.

Mas pra ela posso dizer que mais ou menos e, na verdade, quem responde melhor e por mim é Leminski e o vídeo inspirado na obra do poeta, que rolou na mostra mineira do ano passado.





vazio

agudo
ando
meio

cheio de tudo.

16 de setembro de 2009

Eulírico na madrugada

- Camila !
- Eulírico ! Que bons ventos te trazem aqui ?
- Bons ventos, na verdade, nenhum. Tô muito chateado e bravo com você.
- Mas o que foi que eu fiz agora ?
- É o que você não fez.
- Se eu não fiz é melhor do que ter feito mal, certo ?
- Errado !
- Eu discordo.
- Então vê se você concorda comigo e diz se é certo desaparecer e não escrever mais nesse abandonado blog.
- Abandonado, não. De vez em quando tem twittada minha aí ao lado, no Minuto a Minuto.
- Isso não faz o blog atualizado !
- Concordo, isso eu concordo.
- E aí o teu sumiço faz leitores escreverem e reclamarem. E eu pergunto, o que eu, Eulírico, que já fui muito mais presente nesse espaço digo e respondo aos poucos fiéis que questionam se é D’propósito ?
- Não. D’propósito, não é. É que agora, Eulírico minhas noites e palavras estão dedicadas ao livro reportagem. O TCC, saca ?
- Saco, e que saco ! Mas qual é a chatice do momento ?
- Essa discussão sobre industria fonográfica, artistas independentes e blá, blá, blá.
- Sua vontade me surpreende.
- É a minha vontade de não fazer nada. E eu queria saber como chama a vontade de largar tudo, ir morar no meio do mato, em outro estado ou em outro país, bem longe, pra ficar quase sem comunicação.
- Esse sintôma chama-se TCC.
- Isso não é mais sintôma, é doença. E deve ter mais um nome, mas TCC já qualifica a minha vontade de ir viver no meio do mato.
- Se você for avisa antes, Camila.
- Aviso ! E também aviso que agora eu vou, voltar a escrever, para o livro.
-Vá, e quando der apareça !
- Já vim. Fui e sumi.

10 de setembro de 2009

Clarividente

Os olhos. Foi onde parei primeiro em você. Depois os meus olhos correram pelo resto do seu corpo, mas voltei para os olhos, os seus olhos verde sutis, e às vezes brando em tom de esmeralda feliz. E você vai me perguntar como são olhos de esmeralda feliz ! É quando você sorri comigo, ou sorri pra mim e até de mim. São os seus olhos felizes que brilham.

E depois dos seus olhos fiquei pelo cheiro, que sentia a sete mil léguas de distância e agora eu sinto em mim, a centímetros, sutilmente após o abraço apertado, o beijo demorado - e quando não escondido, e de toda vez que você fica e eu fico acreditando nessa conexão internacional que nos liga. E é pelo cheiro, pelo olhar, pelo sorriso, toque e sensibilidade que eu me arrisco na sua cultura, no seu país, nos seus segredos, no seu tempo e aposto em você. Torcendo pra que você ganhe e eu também. E apesar da ansiedade juvenil meu jogo não exige tempo, nem torcida organizada pra acompanhar a jogatina. Eu só preciso de um campo onde caiba você, eu e o nosso segredo.










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Música minha composta antes do texto; voz e violão Roberta Campos , claro !

4 de setembro de 2009

autoconfiança


Eu achei que confiança, ou melhor, autoconfiança era bom. Até me dizerem que eu estava confiante demais e o problemas era esse.
E demais a mais minha confiança (excedida) foi medida a mal
Vou voltar pra minha insegurança habitual.
Se for, melhor assim.