D'propósito

14 de fevereiro de 2008

De Pessoa para a pessoa

Acho o livro um objeto bonito, seu cheiro quando velho, é mágico. Se recheado de anotações de outro leitor, ganha sabor. E toda vez que pego um livro, abro em qualquer página e leio um parágrafo, normalmente sou convencida a lê-lo na mesma hora, se me intriga, me questiona e me instiga as palavras doces e/ou amargas que podem oferecer. Ontem não foi diferente nos Poemas Escolhidos, e olha o que Fernando Pessoa me disse.

Nada me prende a nada
quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo
anseio com uma angústia de fome de carne
o que não sei que seja -definitivamente, pelo indefinido
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

A descrição perfeita e uma coincidência que deixa a dúvida. Coincidência?

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