D'propósito

30 de janeiro de 2008

é a vez dele


O horóscopo chinês anuncia que 2008 é o ano do rato e, que boas vibrações vêm por aí. Segundo os orientais, todo mundo vai lucrar e será o ano do trabalho.
Agora eu me pergunto, quando é o ano do descanso?


(((dúvida)))



Ps: isso porque eu acredito em astrologia, numerologia, filologia, nostalgia, ginecologia e todos os ias

28 de janeiro de 2008

Há um ano




Como uma novela que decorre de capítulos incessantes - e emocionantes – minha vida prossegue, num ritmo que nem Manoel Carlos consegue por fim. Não reclamo do drama e da comédia que fazem dos meus dias o roteiro principal desse enredo d' propositado. Sem figurantes fixos e coadjuvantes permanentes , eu questiono os porquês, reclamos os nãos, argumento para o sim, mudo um destino, provoco um acaso e comemoro os encontros e despedias.E entre histórias que vão-e-vêm, faço prosa e recordo o ano que eu faria hoje e não faço, porque...


Há um ano eu mudei minha vida.
Indecisa, escolhi uma trilha
Depois...
Decida, eu prossegui.


Há um ano eu me sentia diferente
consistente, insana e contente
caminhava acompanhada.


Há um ano eu concluí Olgaa
leitura do presente que você me deu
e guardo como se fosse seu.


Há um ano eu aprendi a amar
e defenestrar...
Nos versos de Veríssimo
que você me ensinou.


Há um ano você ouvia Janis
cantava Elvis
e dançava Jackson.
Depois eu pedia a Bossa.


Há um ano estávamos em um apartamento
perdido na cidade
reformando e sem móveis.


Há um ano começávamos um romance
escondido e sigilosoque
revelamos a poucos.

Durante um ano...
vivemos,
aprendemos,
rimos,
criamos,
choramos,
escrevemos,
comemoramos,
amamos.

Em um ano todos os verbos foram conjugados
e aniversários comemorados
exceto o de hoje, porque...

Há um ano festejávamos a data
que hoje, com um ano
nós não solenizamos
Separamos.

24 de janeiro de 2008

matemática

Diz pra mim quantos graus tem o ângulo que forma o nosso olhar.

pequenas coisas


Com os cabelos naturais da sua raiz negra, ela levantou da cama olhou no espelho e não os penteou. Colocou a calça xadrez, a blusa verde, all star e foi trabalhar. No meio da rua ela cantava alto o samba que mexe, remexe e dá nó das cadeiras. Alguns passavam, olhava e a achava louca. Outros cediam-se ao samba. Depois de diversos olhares -bons e ruins – ela terminou o dia cercada de músicos incríveis. Voltou cantando, também. Em alto e bom tom, e aquele dia que tinha tudo para dar errado – ou quase tudo – foi diferente e deu tudo absolutamente certo. Ela se sentia, se sentiu e se sente feliz. Agora ela vai estudar música.
E ela, sou eu.

23 de janeiro de 2008

Fatalidade, sina ou azar


Estou começando a acreditar nessa coisa de destino. Para o acaso eu já me entreguei e não fujo nem temo dele. Mas o destino, esse me apronta várias. Há uma semana tomei uma decisão, a primeira de outras tantas que vem por aí. Após a essa minha primeira decisão, tomei a segunda: mudar de faculdade. Estava certa disso.

O que me tenta a mudança não são os bares da minha faculdade cheios de playboys tocando um pagode ruim, tão pouco o ensino ou os colegas e professores. Claro que sempre pode e dá para melhorar. Então, fui a busca da melhoria profissional e conseqüentemente - imagino eu – pessoal. Constatei o tico e o teco, acordo comum. Vamos mudar para a Cásper Líbero. No dia 16 desse primeiro mês do ano, fui no site me informar como fazia isso. Li todas as instruções e depois lá no final eu descubro que a inscrição era só até o dia 15. Humpft!
Tem algo mais desestimulante que isso? Eu respondo. Não.

Conversei com a Talita [ela ainda vai fazer um blog, daqui a pouco eu coloco o link] e com a Alline – outra desblogada - e as duas disseram: destino.É, talvez. Mas essa coisa de destino às vezes me irrita, espero que algo de muito maravilhoso me aguarde no campus da São Judas para superar esse fato que o pai dos burros define como, fim pré-determinado que orienta as acções e os acontecimentos na vida dos homens. É o destino.

O lado lúdico




Existe algum sentido nos outros sentidos ante uma gozada bem dada?

21 de janeiro de 2008

volte amanhã

Para minha prosa e poesia é o ponto final!

Fechada para balanço, talvez a volta seja ano ou mês que vêm. Ou amanhã. Ou quando houver inspiração, ação e luz do sol.


O dia está nublado.

então canta....

Graça da desgraça, não é assim que tem que ser?!


sem mais

Eu amava ele. Ele me amava. Obviamente, não ficamos juntos.

20 de janeiro de 2008

Voltei, agora pra ficar


Certo, eu ficaria fora do blog por um tempo. Mas não consegui. A começar por um comentário que recebi de um anônimo, isso me animou. E minutos depois eu vejo na coluna do querido Assis Ângelo que ele citou a estudante de jornalismo que vos fala e este modesto blog. Então tá certo, não vou parar. Se o ritmo diminuir a culpa é do trabalho, do cachorro, da mãe, do chocolate, do amor, de qualquer um. Mas enquanto houver restos de letras perdido no meu lado esquerdo do cérebro vou prosseguir.

E prosseguindo, numa reta que me põe longe da minha família orbital, caminhei e fui de encontro a eles e para eles, meus amigos. Há tempos não visitava minhas origens, meu canto, meu bairro, onde comecei a amadurecer, experimentar a vida e escolhi minha família. O recanto de lembranças doces de um passado pouco distante, chama-se São Mateus. Lá é o lugar que é mais frio do que todos os outros lugares de São Paulo. É o lugar que parece uma vila, uma cidade do interior. Todo mundo conhece todo mundo – ao menos de vista. É o lugar que é longe de tudo e têm tudo.

Quando dei a minha partida de S. Mateus, a cerca de um ano, fiquei feliz, mesmo com a nostalgia dos amigos que deixava. Minha vida de estudante, estagiária e butequeira facilitou depois da moradia ao lado do metrô. Mas num ato de coragem e debaixo de chuva, peguei o busão – como os paulistanos e os são-mateusenses dizem - e fui de encontro ao povo. A minha primeira parada e estada foi na casa da política e guerreira Marcelle. A garota que me mostrou o lado ético das coisas, e me ensinou a superar o egoísmo e a diferença de um cidadão do outro, revela-me a igualdade e liberdade que está composto no seu corpo e alma, carregado no pulso pela palavra Liberta. E livre como as Bernas podem ser e são – ou Bernadet's, essa era a nossa banda e o grupo que movia uma escola.

A cada nova história a Mar me surpreendia na sua coragem e garra, que faz pelo seu direito estudantil na Universidade Federal de São Paulo.Minha amiga estuda para ser filósofa, e xinga os jornalistas – que ironia – mas entre fatos, casos e os atos políticos, amo essa garota que nunca deixa de me surpreender. Sem parecer pretensiosa ou usar de pouca modéstia, a Mar sempre teve um gosto mais refinado para a música, assim como eu. Mas nesse fim de semana, vi no seu playlist, Exaltasamba. Epa! Peraê.

- Exaltasamba, Mar? O que aconteceu?

- Meu, é da hora! Eu fui no show deles. Imagina que ninguém se importa com nada, sem diferenças, umas gordonas dançando e arrebentando. Todo mundo na mesma sintonia, sem se preocupar, é mó firmeza.

Fiquei arrepiada ao vê-la dizendo essas palavras e cantando todas as letras. No fundo, também achei engraçado, e percebi que o pagode invade até os campus de filosofia. Achei que ficava só na São Judas. Mas o pior de tudo ou melhor, ou mais engraçado ainda, é que a música Livre pra voar, não sai da minha cabeça.

Estou com vergonha de dizer isso, mas fui até o youtube pra escutar o hit que pegou minha amiga que acredita no amor livre e que inevitavelmente chegou até mim
Fora o pagode que nos separa - ou separava -, percebo que mesmo longe, caminhamos juntas.

Agora escuta a música aí, e vê se ela não vai ficar na sua cabeça também.


18 de janeiro de 2008

O carinha


Celular vibra e toca “Help” dos Beatles. Do outro lado é o papai. Na conversa cotidiana de sempre, respondo sempre que sim. Sim, estou bem. Sim, estou me comportando. Sim, estou cuidando do Luck. E um único não. Não, não, estou brigando com a mamãe e nem usando drogas – acho que isso já se resumiu a dois 'nãos'. Mas enfim, e perto do fim da ligação, como quase nunca ele faz ou fez, eis uma pergunta.

- E o Victor?

Mmmm, pensei. Coração de pai é uma coisa, não é mesmo?!. E então vem a minha resposta:

- É, é...é. Tá bem. Muito bem.
- Ok, então veja um horário pra mim na sua agenda.

Hahaha, que graça! Papai mal sabe que boa parte da minha agenda volta a ser quase toda dele. Porque ele é o Carinha.

17 de janeiro de 2008

Acaso - parte III


Na fila do cinema, a moça que não é séria, mas também não é descolada, encontra o carinha que é totalmente descolado e seu caso antigo. Tempos dos quais ela nunca esqueceu. Com as mãos ocupadas pelo refrigerante grande e gelado, ele abre um sorriso – de lado - que revela o mesmo mistério de antes, nos olhos quase fechados pelo sorriso e com a sobrancelha levantada pela sedução que o conduz. Para ele não havia surpresas reencontra-la, era fato que aconteceria cedo ou tarde.
Claro, que para ela isso não era fato; e o riso controlado pelo seus músculos - propositadamente - disfarçava a alegria do seu corpo ao revê-lo. E no seu fleuma controlado, ela espera a chegada dos curtos passos dele que os aproximam para o abraço do reencontro. E como é de costume eles perguntam como vai um ao outro. Ela responde na serenidade que não é dela, a fase quase sensacional que ela vive. E ele no sorriso e olhar que é só dele, diz sobre os últimos projetos e sobre o filme que começara a dirigir. E numa conversa que se estendeu no caminhar até a poltrona do cinema, ele disse:

- Estava com saudade de você.

Ela olhou fundo nos olhos dele, pensou na possibilidade de ser mentira. Além de dirigir, ele era um ótimo ator. E mesmo na dúvida, ela acreditou na palavra para ter uma verdade e o fato que era dela.

- Eu também estava com saudades suas. Faz tempo.

Em um sorriso mútuo ele a beijou no canto da boca. Ela recebeu o quase beijo do comunista com cara de intelectual. Depois disso, os dois só viram os créditos e ouviram a trilha sonora do caso que merecia o reencontro.

16 de janeiro de 2008

Andarilha


Subindo a Augusta numa caminhada rápida, sob o sol que parecia de 40° - ainda que no fim da tarde e quase noite. Um sujeito a minha frente caminha rápido como eu. Não exatamente como quem tem pressa ou horário para cumprir. Mas é só o caminhar paulistano, cotidiano e comum. E nessa rota que seguimos durante um longo tempo, observei bastante. Normalmente eu reparo nas pessoas, mas dessa vez foi diferente. Em passo sincronizado como o meu – e com a cara de quem vinha do trabalho - como eu -a cada estabelecimento que o homem passava as pessoas diziam aquele alô, alguns que ele cruzava na calçada davam o aperto de mão, outros um breve abraço. Tipos de gestos que na cidades do interior é comum. É como o cara da venda que todo mundo conhece. Fiquei pensando... que homem tão conhecido seria ele.
Mas eu não o conhecia e, nos passos que seguiram até a nossa separação de calçadas, pensei que São Paulo estava ficando pequena. Não para ele, provavelmente não para ele, mas para mim.

13 de janeiro de 2008

11 de janeiro de 2008

instante de arte


Não havia muita coisa; além da arte, os dois - ele e ela - e mais algumas pessoas. A atração que os prendia era uma obra contemporânea do artista Romero Britto. Nas misturas de cores, flores, amores e os possíveis sabores, o casal que não era casal e mal se conheciam – a não ser pelas festas dos amigos em comuns - observavam a arte exposta na passagem pública. Um grupo que os acompanhava, comentava os detalhes de uma obra em especial. Falavam sobre a minúcia do traço e elogiavam o artista. Presa em outro poster, ele a chamou para ver com o resto do grupo. Em três ou quatro passos se aproximou da obra e do pessoal, ao lado dela estava ele. Mas isso só por um instante. Porque ali, reunidos frente à arte, ele deu um passo para trás e ficou atrás dela. Ela pouco reparou o que estava a sua frente, apenas sentiu o contato que estabelecera ali. Não somente ela parou de ver o que o artista Britto havia produzido, como ele também.

Um silêncio se instalou entre os dois, e numa respiração de expectativa e indecisão por parte dela, ele como quem repara mais afundo – o que quer que seja – dá um meio passo a frente e encosta leve, quase intocável seu peito sobre as costas macia e lisa dela. O perfume masculino introduziu sua narina e a fez parar. Parou ele também, que ali ficou curtos minutos que duraram segundos eternos. O grupo que estava ao lado deles não estava mais ali. O olhar do casal - que não era casal - estava filtrado para uma única direção e com respiração sincronizada de desejo.

Uma voz de longe chamou o nome dele, e o que congelava aquele instante se desfez. Ele recuou ao passo que fazia o vão entre eles; e como quem pede passagem o homem, o garoto, o moço que mal a conhecia, pôs suas mãos na cintura da mulher, da garota, da moça e andou para o lado. Ela deu passagem e caminhou só depois de alguns instantes, ainda estava presa pela arte que a confundiu nas cores, flores, possíveis amores e inconfundíveis sabores.

Ele não sabia se iria tocar nela de novo ou se outro instante daquele aconteceria. A mão na cintura foi a licença dele para entrar e perturbar os próximos dias dela – e vice-versa.

Aquele abraço


O post passado dedicou espaço ao sotaque carioca, que tem um suingue e um gingado que é só deles; na raça, na fala que é na lata, trago boas novas das terras que veio meu parceiro Tim Maia – no momento ando apaixonada pelo gordo mais simpático da minha infância e memória -
Gilberto Gil já poetizou “O Rio de Janeiro continua lindo....”, e vai continuar. Das boas novas que me aparece para 2008, além de previsíveis viagens. Um alguém, recebeu uma proposta para ir trabalhar na cidade Maravilhosa. 'Maravilha!' - assim que tive frente a notícia, foi tudo o que pensei. Ainda não há nada certo e nem malas prontas, até onde sei o alguém vai ter que fazer um teste, uma provinha rápida. Nada muito difícil. Mas livros para esse teste já foram comprados e todo o meu pensamento investido.
Tem gente que não vai gostar dessa mudança... mas eu estou amando.

10 de janeiro de 2008

Choque de civilizações


A única ligação entre São Paulo e o Rio de Janeiro é a Dutra. Fora isso, tudo nos afasta: o clima, a geografia, os costumes e, claro, o idioma -- ou você vai me dizer que João Gordo e Evandro Mesquita falam a mesma língua? Esta barreira idiomática, acredito, é a principal fonte dos nossos problemas: ninguém se entende, acaba surgindo uma certa animosidade, a gente acha que foi chamado de estressado, eles pensam que ouviram alguma coisa sobre malandragem e, quando vamos ver, já era: nós ficamos sem praia e eles sem pizza. Perda total.

O choque de civilizações, no entanto, está com os dias contados. Tendo em vista a amizade entre os povos, a paz mundial e os bolinhos de bacalhau do Jobi, resolvi fazer alguma coisa. Mergulhei em intensos estudos carnavalescos, escaldantes pesquisas praianas – entre outras experiências extremamente arriscadas (para um paulista) -- e trouxe à luz, acredito, uma grande contribuição para o entendimento entre os dois estados: a Pequena gramática do carioquês moderno.

Nela, cheguei às três regras básicas da língua falada por aquele povo: a regra do R, a regra do S e a regra das vogais. As duas primeiras são de conhecimento geral: R no final da palavra ou no meio se fala arrastado (porrrrrrta, perrrrrrto), e o S transforma-se em X (mixxxxxto-quente, paxxxxta de dentexxxx). É na regra sobre as vogais, no entanto, que consiste a originalidade da minha descoberta e é ela que fará com que a minha gramática, assim como meu nome, ainda ressoem por aí muitos séculos depois que eu tiver ouvido repicar o último tamborim.

Enquanto em São Paulo somos alfabetizados com o A – E – I – O – U, as crianças do Rio de Janeiro aprendem A – Ea – Ia – Oa – Ua. Sim, há um A depois de cada vogal. Pegue qualquer palavra, como copo, pé e carro, por exemplo, e aplique a regra das vogais. Agora, fale em voz alta: coapoa, péa, carroa. Viu só? Aía, éa sóa voacêa pôarrrr A eam tuadoa, troacarrr S poarrr X e eaxxxticarrr o R quea fiaca óatiamoa.
O caminho inverso também funciona. Ao ouvir uma frase em carioquês, por exemplo: “Tua éa móa manéa, paualiaxxxxta oatarioa, voalta pra Móoaca”, transcreva-a, subtraia os As sobressalentes e você terá a sentença em paulistês.

Embora seja um grande avanço em face da estagnação em que estavam os estudos do carioquês por estas bandas, minha gramática ainda tem um enorme desafio a esclarecer: como é que o S vira R na palavra mearrrrmoa (mesmo)? E, mais ainda, por que é só nessa palavra? Tema apaixonante ao qual, prometo, retornarei em breve.

9 de janeiro de 2008

Linha cruzada



Piii, pii, pii.....


- Alô?
- Você?
- Eu quem?
- Você!
- Alôôô?
- Vocêêê!
- Eu?
- É
- O que tem eu?
- Eu!
- Você?
- Nós dois
- Dois?
- É
- Dois da onde?
- Daqui
- Quer falar com quem?
- Você!- De novo?!
- É
- Já falou!
- Então, tchau.

Tu, tu, tu...

8 de janeiro de 2008

Chega de saudade



No toque que balança o meu violão, afina o samba-canção e faz da bossa o dom, o tom e o som do meu coração carioca e buliçoso, abro a janela pra ver o “dia de sol, festa no mar, o barquinho a deslizar no macio azul do mar” que canta o universo leve e otimista da nossa velha e nova, bossa.
Nos versos de Vinícius e Tom, Chega de Saudade chegou e registrou o nascimento do estilo que mais do que uma tendência é história e vida. Com rima e ritmo que combina o samba, o bolero e o jazz norte-americano, a bossa fez um novo som brasileiro.

O toque brando do violão que fez o samba da classe média canção, prosa e sussurro faz aniversário e comemora no gingado que é só seu os 50 anos de vida e musicalidade pura e original, que é recheado de artistas no tom de João Gilberto, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Nara Leão, Miucha e outros nomes que perpetuam a bossa que mesmo velha não envelhece nunca.

A tendencia musical foi além, e em outubro do ano passado a prefeitura do Rio de Janeiro tombou a bossa nova como patrimônio cultural da cidade. Um pouco antes, o samba já havia recebido tratamento semelhante, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. E não pára por aí, segundo o G1 esse ano os ícones do ritmo pretendem transformar o aniversário de Tom, dia 25 de janeiro no Dia Nacional da Bossa Nova. O projeto já foi aprovado no congresso e agora segue para o Senado. A idéia é ótima e parece que um grande show na data reúna as gerações da bossa-nova.

Além do show da especial data, o ano todo segue em comemorações que já se iniciaram. O Sesc Vila Mariana já começou a sua festa, e logo mais o Sesc Santana entra na roda e eu sambo direitinho, canto de mansinho e trabalho com o gostinho bossa-novístico.
Minha São Paulo capital de todos já está como o Cristo Redentor, de braços abertos para a beleza inspiradora que a cidade maravilhosa fez a música que pra mim, é mais do que sensacional. É nova, é bossa. É bossa é nova. E chega de saudade.

7 de janeiro de 2008

Perto do fim...

Seja feliz, ele disse. Ela sorriu e pensou 'então abre os braços'.

Patricia Antoniete

Sucessão


O tempo é uma coisa engraçada. Quando tinha 12 anos não via a hora de chegar aos 15. Queria conhecer essa fase que todos ilustram e poupam para a menina. Pareceu um século, mas cheguei aos 15, me arrependi do tremendo desejo. Achei chato aquela fase que para mim nada mudou. Não virei mocinha porque já era. Não fiquei mulher porque era uma criança perdida na idade da adolescência. Poucos meses com os 15 já não quis mais nada além dos 16, nem mais nem menos. Percebi alí, que querer ficar mais velho era um problema. A começar que virei doméstica da minha mãe e babá do meu cachorro – essa profissão me foi infeliz - realizei tão mal que minha genetriz me demitiu.


Nessa época enquanto todas as meninas falavam em paixões escolares, viviam amores platônicos ficavam com um, largavam outro, maquiavam-se e tinham unhas perfeitas; eu pensava em jogar bola, cabular as aulas de exatas, estudar jornalismo, fazer teatro e ter uma banda.Fiz teatro, tive uma banda – que nunca saiu do papel – e estudo jornalismo. Agora, não jogo bola, tenho amores platônicos, paixões bobas e casos difíceis. Me maqueio muito de vez enquanto e não uso esmaltes - tenho alergia a eles.

Aos 19 percebo que o tempo demora a chegar até mim, mas no fundo quero ser como ele – o tempo - passar e não envelhecer. Deparei-me com essa conclusão a poucos dias, quando no metrô uma menina de 12 anos promulgava para a mãe e a avó o desejo dos 15; num comportamento prematuro de 16, na aparente face infantil.Quero perpetuar tudo o que minha geração e a que vem logo atrás de mim, não conserva mais. A infância, ainda que no corpo calejado pelo tempo.