D'propósito

30 de outubro de 2007

momento

impaciente no meu espaço e ineficiente na minha obrigação.

Circuito

A coincidência continua me acompanhando e para acrescentar a minha rotina, ontem fui ao circuito original, com o show da talentosa Roberta Sá. Na sua performance no palco, entre os tons e a melodia doce, o que me marcou foi sua representação e dramaticidade declamada no trecho da música No Braseiro de Pedro Luis – trecho que segue.Está aí uma dica para quem não conhece a voz; aproveitando pra dizer que a crítica do show vai para a Mandacaru e logo mais estará aqui também.
...Quero justiça, alegria e quero paz,Mas com direitos iguais, como já disse ToshE quero mais que um milhão de amigos do RCSer como Luís e suas maravilhas do mundo quero comerQuero me esconder debaixo da saia da minha amadaComo Martinho da Vila, em ancestral batucadaEu quero é botar eu bloco na rua, qual SampaioQuero o sossego de Tim Maia olhando um céu azul de maioEu quero é mel, como cantou MelodiaQuero enrolar-me em teus cabelosComo disse Wando à moça um diaQuero ficar no teu corpo, como Chico em TatuagemE quero morrer com os bambas de Ataulfo bem mais tardeSó que bem mais tardeEu quero ir pra ver Irene rir, como escreveu Veloso!

29 de outubro de 2007

Família

Depois de inúmeras tentativas nas remediações do genérico sem bula, me aparece Jean Paul Sartre. Como num encontro de páginas com o marcador de um livro perdido, Sartre no sublinho de suas letras me explica a fórmula do remédio.

A família é como a varíola: a gente tem quando criança e fica marcado para o resto da vida

Depois disso, não há remédio que tirem as marcas.

28 de outubro de 2007

Palavras

"Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar".

Carlos Drummond de Andrade

Ou supero tudo e, sorrio como nos tempos em que não precisava separar o tempo.

A dúvida

Avenida paulista, dia chuvoso, horário de pico; volta para a casa.Em frente ao conjunto nacional, se escondendo da chuva e esperando um latino americano. Eis que surge uma mulher, uma garota, difícil definir a idade e de onde vinha.

- Moça, por favor, qual o nome dessa rua?
- Avenida paulista.
- Ah, é aqui?
- O centro capitalista (financeiro) da cidade de São Paulo.
- Hã?
- É aqui mesmo, a avenida. A Paulista.
- Ah, obrigada.
- Por nada.

A pergunta me soou como estar à frente do Cristo Redentor e perguntar em que cidade estou, ou ‘que estatua é essa de braços abertos?’.Não sei de onde a mulher, a garota vinha, mas entendi que a longa a avenida cheia de luz, carros e gente, ficou difícil de decifrar, deduzir.

24 de outubro de 2007

Recado

Após 37 horas sem dormir e a maior parte dessas horas trabalhando, a dona do D’propósito perde pela terceira semana consecutiva a aula de teoria da cultura. Isso a preocupa, afinal, as provas logo vão sair do forno e invadir a mesa de quem já demonsta-se satisfeito.Fora as preocupações e lutando com as 37 horas longe da cama, a dona Dayan ainda arrisca-se na tentativa de ir ao cinema ver o filme “O cheiro do ralo”. Apenas arriscou, pois não viu nada, provavelmente ouviu algumas narrações feitas pela voz ardente de Selton Mello no seu personagem que ela não sabe o nome.

Camila adora filmes brasileiros, mas desta vez dormiu na sala de cinema até as luzes se acenderem. O cansaço não permitiu a diversão. Que por falar em diversão, há tempos ela não se diverte comigo. Acho que o leitor não sabe quem está falando, não é mesmo? Pois então, sou eu, o Eulírico. Até parece que ela já não gosta mais de mim, nossos diálogos cronisticos quase desapareceram; ela vive me prometendo, mas até agora nada.

Aproveitando o espaço, digo mais caro leitor; se você ver a nossa C. Dayan por aí, não esqueça de dizer que certa região de São Paulo merece algumas palavras, assim como eu, que já estou esquecido no espaço dela e acho que na memória de vocês também, que mal clamam a mim.

Chateado, Eulírico.

23 de outubro de 2007

Não pare

"Eu já falei muito em Deus aqui, fica difícil dizer que alguém acredita tanto em Deus e fala tanto em sacanagem"

A casa dos Budas Ditosos, João Ubaldo Ribeiro. Pag, 161, 5ª frase.Vi no blog do Victor Freire que viu no blog da Ane. E de blog em blog a corrente que não deseja má sorte, segue em ordem e anima o fluxo da curiosidade de saber o que o próximo vai postar e está lendo, então vai lá. Se tem blog não deixe de postar e avisar, se não tem, deixe no comentário a sua corrente leitura.
Segue os passos:

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abrir na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Vá em frente!

22 de outubro de 2007

Ditos valores

Desde muito cedo, a sociedade e a família - como instituição, nos ensina os valores que as devidas instituições representam. Estimas pretendendo reger-nos, nunca me soou muito bem, no entanto, a tradicional família, minha dependência e a falta de autoridade nunca permitiu rebelar-me. Anos atrás nunca foi possível fazer grandes atos sobre as regras impostas e também nem sempre cumpridas, porém, pensar o contrário nunca foi um erro - motivo de brigas, provavelmente. Mas nunca um erro.

O que sempre enxerguei como correto, é o fato de que o homem só se faz homem com suas atitudes e não apenas pelas palavras. A atitude é assinatura de um contrato; as palavras como palavras, são as letras ditadas da regra de alguém ou de uma vontade própria.

Quando mais jovem, um homem que às vezes se faz presente proferiu-me os valores morais e os familiares. Com os Valores Morais até que me dei bem como sujeito, entendi e concordei com grande parte de seus preceitos. Em contrapartida, fui afrontada pelo tal do Valor Familiar, houve discórdia ente nós e o que ficou acordado é que cederia quantas vezes fosse possível e necessário, até mesmo perder um show somente para imprensa a ir ao jantar de um membro praticamente distante da família, principalmente de você – no caso eu.

Como uma garota nem tão boa samaritana, questionei um jantar tão bobo, mas enfim, a situação me obrigou a perder um show. Indignada comi o jantar em dobro, foi para compensar a indignação. Mais tarde, não muito mais tarde, acontece algo semelhante com o homem que se posicionou como um pastor que dita as palavras divinas do valor, sendo o maior pecador por hipocrisar o que diz e não faz.

Com uma posição muito observadora, obviamente observei (!) que os valores ditos pelo homem e por parte da sociedade, nunca são cumpridos. Isso porque, o amásio na mesma situação que eu – não por um show, mas por um bar, um happy hour e afins, não lembrou do valor familiar dito por ele mesmo. E deixou de comer a pizza que ele mesmo havia marcado e considerado anos atrás importante.

Como uma réplica disse, "cadê os valores?".
E a tréplica foi... um silêncio. Não houve tréplica.

19 de outubro de 2007

Bateu à porta

Foi a Sorte. Apertou a campainha e entrou; sentou e acomodou-se, deu o aviso que por aqui ficaria em dias previstos a 365. Seria um ano de fortuna, riscos, sonhos, frustrações, emoções, ilusões, fantasias, alegrias, acasos e casos. Surpreendida dei um grito, “uhuuuu” e abracei a sorte como última esperança, que na espera não fiquei por mais de um minuto.

Há exatos um ano, eu vibrava a entrada do ano astrológico 1 e claro, como previsto e absurdamente desejado 18 anos. Certo, você pode estar pensando... legal ter 18 anos, mas que diacho significa esse ano 1? Para esclarecer desde já, na numerologia existe um ciclo de 9 anos, quando este se encerra começa tudo outra vez, desde do 1. E, como o próprio número sugere é começo, tudo novo. É uma fase de experimentações, construções de projetos, contatos e fortes emoções a todo o momento.Para os descrentes de numerologia, astrologia e afins, devem achar isso um absurdo. Mas, então vai vendo...

Depois de uma paixão platônica, frustrada e uma vida rotineira, o ano 1 chegou como um estouro, vingou como uma revolução no meu corpo e mente. Desde o último dia 19 de outubro vivi as melhores emoções; aquela cervejada com os amigos, o reencontro de casos passados, o encontro de casos futuros, aventura incessantes, ligações a altas horas, contatos brotando do chão, elogios caindo do céu, namoro, emprego, desemprego e empenho.

Com um final de um 2006 de muitos casos, desejos e realizações fundamentais, tive uma passagem de ano atípica; 2007 entrou como o guri que rebenta sem pedir licença. Entrou num ritmo acelerado e na primeira semana do ano me ofereceu e proporcionou uma viagem com um amigo, que mais tarde se tornaria um cafajeste e depois o homem que modificou minha vida.
O primeiro mês do ano já me indicava os anseios imprevisíveis que viria. No mesmo mês, engatei um caso que perdura e dura. No mês seguinte, o tempo de carnaval abriu alas e me deu passagem. Conheci o primeiro e significativo contato dentro do jornalismo, da tv e até das dúvidas; depois de um gingado carioca, outros contatos foram surgindo com a mesma naturalidade que João Gilberto sussurra a bossa, Vinicius dita a poesia e Bethânia faz de sua dramaticidade o tom e o som. E, eu uma “sortuda” com uma pitada de talento, aproveitei as oportunidades, estive nos lugares certos, e aprendi com as pessoas essenciais.

Convivi com um mundo que até então estava longe de mim; ganhei minha primeira credencial como imprensa, tive meu primeiro portfólio expressivo, meu primeiro emprego, o contato com o sexo, o jornalismo vivo, a dúvida da paixão, a TV Cultura, a rádio e TV Record, uma viagem mochileira ao Rio, a criação do blog, abertura de uma revista independente e frustrações, claro – nem tudo é tão perfeito.
Não apenas isso, proferi verdades, escutei coincidências, acertei meus pecados, escutei músicas em pausas, aumentei a agenda do meu celular, magoei corações, amei ilusões, estive longe de amigos fundamentais, construí uma nova estrada, ultrapassei meu lado, arrisquei o mundo, escrevi ficção, compus música, manipulei fontes, induzi verdades, fui parabenizada por uma reportagem e por fim, consegui fazer na última hora a inscrição para o curso do Estadão.

Descobri um jeito de ser mulher sem deixar de ser menina, reaprendi valores, tive uma mão e um grande aperto no coração. Era a paixão com qual eu divido meus projetos de vida, sonho os meus sonhos e construo um futuro.

Seria impossível descrever cada fato, agora e aqui. Primeiro que o dia 19 e o ano 2 já batem à porta, o ano 1 já solicitou sua licença e eu, pedi pra ele deixar a sorte, ou o acaso que foram fundamentais ao 18 anos.Com uma pitada de nostalgia, guardo o ano que passou como inesquecível, um incrível ano. E de sapatos novos vou para o dia 19 comemorar os 19 anos de idade e o que quer que signifique o ano 2.

Toc, toc, toc.

- Pode entrar....

18 de outubro de 2007

É hoje...

O vídeo é de Luiz Gonzaga, o rei do baião e seu afilhado Dominguinhos - meu entrevistado da vez e do dia. Ele vai tocar lá na Mandacaru, mas claro que vou trazer alguma capela do herdeiro do baião para o D'propósito.É hoje! Amanhã ou depois, eu conto como é que foi.Aproveita para ver o vídeo, levantar da cadeira e balançar as cadeiras... eita!

17 de outubro de 2007

Eclipse oculto...

Somente o fim da edição de um documentário somado a insônia que anda perturbando minhas últimas noites, me faz vir ao blog alegremente cantando e ouvindo Eclipse Oculto de Caetano.
Um pouco mais feliz, amanhã vou para a próxima fase de trabalhos, hoje não durmo mais, daqui a pouco é hora de ir apresentar a labuta da madrugada... ó eclipse oculto do horário de verão

Um trecho para sentir um pouco do sabor, da cor e do labor ao documentário:

Na verde luz que possibilita minha passagem, saio à procura de São Paulo do inconsciente óptico, que transpassa o vidro dos automóveis, revela o mundo e ilustram as cores da cidade que é um poema dentro de uma grande metrópole assustadora e indômita. Uma cidade que nós não visitamos, uma cidade que cresce em torno do nosso próprio pensamento, das nossas ações, dos nossos abandonos, uma cidade plena de poesia, um aglomerado de pedras, uma montanha, um mundo, que atravessa um sinal como o farol fechado!

16 de outubro de 2007

.Momento irritadiço

Nos últimos minutos do segundo tempo para terminar o jogo dos 18 anos e o ano astrológico 1 (ano, aliás, que não gostaria que terminasse) encontro-me com uma alta pressão de stresse e estupidez. Tenho que respirar 30 vezes para não ser mal educada com alguém, suportar gordos intransigentes, chatos e metidos a espertos (nada contra os gordinhos –alguns até são muito bacanas, mas como tudo, tem suas exceções) e além de tudo, suportar minha tremenda ignorância de ter ido a segunda fase de um emprego super legal, cometendo a burrice e o esquecimento de não tirar o piercing.
Se me permite a falta de modéstia, tenho por mim que fui uma entrevistada na mesma excelência que faço com meus entrevistados – com texto e currículo bem produzidos.Se de fato perder esse emprego pela argola que carrego no nariz, vou me punir, vou retirar o que por tanto tempo virou minha identidade; essa é a punição para que idiotice do tipo não se repita. O que também, me deixa tremendamente irritada é o mercado de trabalho classificar minha labuta ou minha capacidade pelo que carrego no nariz.

Passado esse aperto e respirando 31 vezes mais, a ansiedade e o medo batem a porta com o próximo entrevistado, que provavelmente será um dos meus melhores portfólios nesses corridos dois anos de faculdade. Fora isso, ou parte disso, que também faz parte da revista – um dos elementos que está deixando minha adrenalina a 1000 – isso é como um tcc produzido em três meses.

Pense você que já fez ou já viu de perto alguém fazendo um tcc como é enlouquecedor, a ponto de tirar o sono até quando você precisa dormir e ter lapso de memória como, por exemplo, esquecer de se inscrever para o curso do Estadão que começa amanhã. Eu paro e me pergunto. Como eu consegui esquecer? Só pode ser stresse e muita ansiedade.

Ao último fato estou me culpando mais do que ir a uma entrevista de piercing, esquecer de fazer uma inscrição é imperdoável. Porém, imagino eu que algo de muito melhor deve vir no meu próximo ano astrológico que começa sexta. O pensamento positivo é o que está me motivando e mantendo a esperança viva em mim;, porque mesmo com altos, baixos, gordos e magros, esse foi se não um dos melhores anos já vividos, provavelmente o inesquecível.

Vivendo com os momentos irritadiços agora estou respirando 32 vezes mais. Nesse exato instante começo a escrever o roteiro para o documentário, que também já me amolou como as outras 31 umas respiradas.Humpft... ao trabalho!

15 de outubro de 2007

A odisséia

Nas poesias que decorrem de um tropicalismo e demonstra-se deveras verdade nas letras, no tom, na melodia e na expressão de viver; recanto Caetano na sua Verdade Tropical; que além das páginas do livro, há sua releitura no palco, por Luiz Duarte e Gabi Freitas com Caetaneando. O espetáculo apresentado no Teatro do Ator foi um da série de 78 peças, nas 80 horas Satyrianas gratuitas de teatro, com homenagens a Paulo Autran e a Lauro César Muniz.

Com espetáculos para todos os tipos e gostos, o feriado foi dedicado ao amor e ao teatro que fez da praça Rossevelt um grande encontro entre dramaturgos, atores, diretores, cantores, admiradores, jornalistas e espectadores; uma verdadeira cúpula cultural, um encontro sem preconceitos e preceitos nos quatro dias de evento.

Bares lotados, teatros lotados, praça lotada e um calor de verão banhado pela cerveja gelada, o que rapidamente me remeteu o litoral em alta temporada. Um calçadão repleto de gente que sem ter o mar, faz do teatro a sua praia.



9 de outubro de 2007

Receita com recheio, cobertura e loucura

Não sei se é exatamente a receita que procuras mas, vou prescrever como fazer um bolo com recheio e cobertura perto da loucura. É muito simples. Apenas um pouco mais trabalhoso que descascar uma laranja (sempre tive dificuldade em descascar laranjas)

Primeiro passo:
Ligue o forno enquanto prepara os seguintes ingredientes:

Segundo passo:
Pegue uma revista sobre cultura nordestina com atraso, depois adicione o cargo de edição de imagem somado ao de secretária de redação, com o faz um pouco de tudo – tipo estagiário, sabe? Depois dos cargos, não esqueça de adicionar a entrevista com o Dominguinhos e um perfil de Germano Mathias. Bata bem isso até ver algum resultado. Ou antes, mesmo desse resultado você deve acrescentar matéria sobre rodoviária clandestina, batida com a 2ª mostra de cinema nordestino.(Que provavelmente vai como o açúcar que todos esqueceram de colocar. E só adicionam depois).

Como cobertura há também um ensaio fotográfico sobre a cidade que é um poema oculto dentro de uma grande metrópole. Não esquecendo ainda, de sobrepor um documentário sobre flanelinhas.

Terceiro e último passo:
Depois de todos esse ingredientes batidos e consistentes, coloque ao forno e espere o resultado.Enquanto isso... prepare a mesa com trabalhos manuscritos sobre economia e política e a ridícula transcrição de jornais televisivos e radiofônicos.Depois da mesa pronta e o bolo com o recheio e cobertura para a loucura, pronto. Coma e durma. Vai ajudar na digestão.

E não esqueça: só pode fazer e provar dessa receita neste mês de outubro, não adianta dizer que não possui tempo. Não é necessário ter vida social.

Enfim, bom apetite e seja feliz.

6 de outubro de 2007

Rima e ritmo de C. Dayan

A frota de entrevista voltou à tona.
O texto abaixo foi criado para uma
empresa de Comunicação. É a minha
descrição feita em 3ª pessoa
Será que eles vão gostar?
Resta-me esperar....

Como o ritmo da bossa, ela se faz nova; no detalhe do samba chorado, do samba forte e do samba canção. Canta ao mundo as letras que saem diariamente das cordas que evocam o som e o tom do jornalismo e das crônicas diárias de seu blog.
Se vires de longe irás pensar: que pequena és essa menina! Se aproximares um pouco mais, observa que é de fato pequena. No tamanho. No entanto, somado os centímetros dobrados aos metros quadrados do mundo, vês que és maior e grande na intenção. E atenção: o desígnio de atrever-se à comunicação e a cultura não vêm de agora. Começou na década de 90, quando aos quatro anos de idade a brasileiríssima fez a sua primeira entrevista, com gargalhadas, despreparada e pra comprovar, está gravada. Não só na memória, mas em fitas e fatos do passado e agora do presente, que a coloca na produção de uma revista independente, na ânsia de abraçar e conquistar seu espaço no mercado, no mundo e na Mandarim. Camila, como sempre, faz da comunicação o seu principal instrumento, porque como já dizia o saudoso Chacrinha “Quem não se comunica se trumbica”. E para o ritmo dela não parar o show tem que continuar, aqui, ali e aí, na Mandarim.

5 de outubro de 2007

Arte futebolisticamente...

Tão belo e técnico quanto a arte impressionista dos quadros de Monet, Renoir ou Degas; ou ainda, procurando as formas dos pintores cubistas como Picasso, Cézanne; a arte futebolística não fica para trás, não é impedida. O contrário, como uma manifestação de cores, sabores, dores e louvores, ela ecoa como música saída das cordas vocais de fãs incessantes que movimentam os instrumentos, que aceleram o coração de quem está produzindo este artifício e, de quem é espectador pouco entendido das artes impressionistas e cubistas dos quadros de futebol.

Como todos os garotos, eu também sonhei em ser jogadora de futebol. E, se me falta à modéstia, mas digo a verdade pensada por mim e saída da boca de profissionais, o que não me faltara era talento e ainda diziam: “ê garota de futuro”. Futuro mesmo, porque as bolas lançadas a mim não ficavam pro passado, ou por quem passara despercebido pela direita, ou pela esquerda arriscando arrancar-me o domínio da bola.

E como todo garoto que sonha em ser jogador de futebol, comecei cedo, aos quatro anos de idade eu já ocupava os gramados e as quadras cheias de meninos e pais preconceituosos. Inclusive o meu, que de todos os pais, obviamente era ou tinha que ser o menos preconceituoso - isso porque sou sua filha e não poderia ser diferente.

Mas correndo adiante e levando a bola com a bola toda, sofri todos os preconceitos que o futebol feminino injustamente tolera nas críticas vinda da sociedade machista, que pronunciam sobre o futebol ser “coisa de homem”. Homem que nada. A mulher é tão capaz quanto o homem, de matar a bola no peito, dominar, fazer gol e correr para o abraço.

O que o homem machista e qualquer ser-humano contra essa arte também feminista, não enxerga que apenas as mulheres quando dominam a bola e correm com ela nos pés, conseguem ter o gingado, o balanço no quadril e uma habilidade que há décadas atrás, diriam sermos capazes com esses dons, apenas nas passarelas da moda ou do samba - Ritmo originalmente brasileiro e hino do futebol - indiferente qual seja o samba. Se é o da Mangueira, carioca com compasso rápido, ou o samba paulista e sincopado. O futebol é como o samba, ritmado em qualquer voz, em qualquer pé, seja feminino ou masculino.

E se antes a mulher no futebol era desvalorizada, agora atropelando pré e preconceitos, ela mostra a sua garra e ganha força com um drible da vaca, um movimento exato dos quadris e o domínio do convencionalismo. Dessa vez não é preciso queimar os sutiãs, apenas necessário mostrar o talento, como o de Marta - jogadora da Seleção.

Acho que não me aproximaria ao talento da melhor jogadora do mundo, mas sempre, sempre quis fazer do futebol minha profissão, não fiz. Mas agora, faço das letras memórias, aos lances feitos com minhas parceiras de ataque e tabela, JJ - Jéssica e Janaína.
Se hoje não corro com as bolas nos pés, acelero com os pés os passos da vitória feminina dentro do campo de futebol e todos que me fazem gritar por GOL!


Das palavras à imagem...

2 de outubro de 2007

Desde que o samba é samba

No caminhar da manhã, pisando sobre as folhas primaveris, aquecida pelos panos que me cobrem e pela presença sutil do sol; canto uma bossa, invento uma nova, improviso no samba e até relembro o rock melódico saído das caixas de som do meu irmão. Enquanto as notas vibram no meu vocal e estendem-se pelo resto do corpo, caminho adiante e não diferente, penso para frente.E, a frente um homem com os passos fadigados pela idade, ligeiramente calvo, carregando óculos na face e um violão em mãos.

Gostosa com a cena parei para observar o homem que distraído e imperceptível a minha presença, soltou arranjos e notas que cabiam em todas as minhas canções, em todas as minhas ilusões e facções. Ficaria a observá-lo de longe durante horas, se não fosse o tempo batendo no meu relógio. Escutando-o com o corpo, saí cantando e eis que o Homem me pergunta:

- Por que cantas?

Sem olhar de susto ou surpresa eu respondo:

- Cantando eu mando a tristeza embora.
- A tristeza é senhora?

Com sorriso terno eu respondo:

- Desde que o samba é samba.
- Mas alguma coisa acontece, no quando...
- Agora em mim!
- Conhece João?
- E Gilberto também.
- Mas é Caetano.
- Mas, vejo em João.

Sinalizando com a cabeça um agradecimento indefinido, embarquei-me na hora que batia no meu relógio e, me despertava para o que não era novo e provavelmente seria a bossa.